Lá pelos anos 60, Vinícius de Moraes, já consagrado poeta e compositor, ganhou de presente do baiano Carlos Coqueijo um LP de sambas de roda e candomblés da Bahia, disco esse que o deixou estupefacto. Na época já rolava a parceria entre ele e Baden Powell, e Vinicius então "apresentou" o disco a ele. Os dois ficaram tão impressionados com o que ouviram, que resolveram ir a Bahia assistir a alguns shows. Lá, os dois que não eram bobos nem nada, se enturmaram logo com os intelectuais e músicos locais, e conheceram Canjiquinha, capoeirista, entrosado com a cultura Afro-Brasileira, que os levou a conhecerem as rodas de samba e terreiros. Baden, que à época estudava canto gregoriano com Moacyr Santos, fica boaquiaberto com o que presencia, mas não no sentido religioso-místico, e sim com a riqueza das harmonias. Depois disso a dupla decide que fará um trabalho inspirado na cultura afro-brasileira e começa compondo o samba "Berimbau". Depois vêm "Canto de Ossanha”, “Canto de Xangô”, “Bocoché”, “Canto de Iemanjá”, “Tempo de amor”, “Canto do caboclo Pedra Preta”, “Tristeza e solidão” e “Lamento de Exú".
Este disco talvez seja, na minha opinião pessoal é claro, um dos discos mais importantes do último século da música brasileira, mundial e interplanetária. Significou uma ruptura da bossa nova, inaugurando uma nova modalidade musical segundo o próprio poetinha. Sua energia irradia uma beleza atemporal, a fusão dos cantos africanos com a batida indefectível do violão de Baden mais as letras de um poeta "pouco" sensível, com o perdão da ironia, como Vinicius, fazem com que eu não queira escrever mais nada sobre este disco. É melhor ouvir. π L.F.
Oct 20, 2006
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